3ª sessão do Ciclo “A Voz das Mulheres”
com Dália Dias e Mariana Correia Pinto
As mulheres tiveram sempre voz porque elaboraram sempre pensamento sobre o mundo e sobre elas próprias. Mas essa voz foi ao longo da história não foi ouvida porque abafada, omitida pelas estruturas patriarcais. Manifestou-se em forma de murmúrio que progressivamente se foi afirmando em voz audível. Nas últimas décadas houve conquistas importantes mas ainda hoje as mulheres continuam a lutar para que as suas vozes sejam respeitadas no domínio público e na vida quotidiana, onde tantas vezes são interrompidas e desvalorizadas pelo ato de falar.
Por isso, faz todo o sentido ouvir mulheres de várias áreas de atividade contar como se manifesta a voz que se quer cada vez mais audível.
Este ciclo, que integra o projeto “(In)visibilidades e Derivas”, com apoio da DGARTES, consta de três sessões em que seis mulheres serão Vozes de Mulheres.
Sessão 03
Dia 17 de julho | sábado | 17H00
A Voz das Mulheres na Literatura e no Jornalismo em Portugal
Este evento propõe uma reflexão alargada sobre a presença e representação das mulheres na literatura portuguesa e no jornalismo, reunindo as vozes de Dália Dias e Mariana Correia Pinto.
Na primeira parte, sob o título “A Figuração do Feminino na Literatura de um Século Romântico”, Dália Dias conduz-nos por um percurso crítico sobre a construção das figuras femininas na obra de Camilo Castelo Branco, cruzando a ficção com a realidade biográfica e social do século XIX. Entre personagens como Ana Plácido, Mariana ou Angélica, revisitamos o imaginário feminino camiliano, marcado por ambientes conventuais, transgressões sociais e destinos de clausura. Esta viagem retrospetiva permitirá ainda alargar a discussão à escrita de e sobre mulheres no romantismo português, convocando autores como Eça de Queirós, Cesário Verde e Almeida Garrett, para questionar os modelos femininos que ajudaram a criar e perpetuar. Que figuras femininas nos deixaram? E que lugar lhes reservou a história literária?
Na segunda parte, Mariana Correia Pinto aborda “As Mulheres e o Jornalismo”, um olhar sobre a evolução da participação feminina nas redações portuguesas. Se nas décadas de 60 e 70 as mulheres começaram a conquistar espaço numa profissão tradicionalmente masculina, os avanços nem sempre se traduziram em igualdade. Persistem assimetrias nos cargos de chefia, nos salários e na visibilidade nas próprias notícias. Refletiremos não apenas sobre quem faz jornalismo, mas sobre como se faz jornalismo — e com que impacto na democracia. Porque a luta por uma representação mais justa e plural não diz respeito apenas às jornalistas, mas a todos.
Um encontro entre passado e presente, literatura e comunicação, onde se escutam e interrogam as vozes femininas — reais, ficcionadas, silenciadas ou transformadoras.
NOTAS BIOGRÁFICAS
Mariana Correia Pinto é jornalista do PÚBLICO e autora do livro Porto, Última Estação, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Em 2023 estreou-se como dramaturga com a peça Anónimo Não é Nome de Mulher e em 2024 ganhou uma bolsa literária da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, para dramaturgia. O texto criado nesse âmbito deu origem ao espetáculo Uma Rua de Cada Vez.
Licenciada em Jornalismo e Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto, teve uma formação multidisciplinar e realizou várias formações posteriores na área digital, incluindo a área de produção audiovisual e documentário.
Tem especial interesse por temas sociais e relacionados com a memória, procurando, com o seu trabalho, retirar da sombra pessoas e temas mais invisíveis.
Durante um ano, entre novembro de 2014 e novembro de 2015, fez com o fotojornalista Manuel Roberto o projeto Porto Olhos nos Olhos, onde entrevistou duas centenas de personalidades da cidade, mediáticas e anónimas. Esse mosaico do Porto foi publicado online.
Dália Dias (1957)
Doutorada pela Universidade Nova de Lisboa, em Literatura Portuguesa Contemporânea, em 2004. (Escrita Dissidente – autobiografia de Ruben A., Assírio e Alvim, 2005).
Mestre em Literaturas Românicas Modernas e Contemporâneas, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1995.
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Português-Francês) pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1981
Lecionou a disciplina de Narrativa Fílmica, durante a década de 1990, no Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual, no Instituto Politécnico do Porto.
Integrou, de 2005 a 2010, o grupo de investigadores da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), trabalhando no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, onde orientou Doutoramento.
Mantém uma intervenção continuada, há mais de uma década, junto do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto (Biblioteca Municipal Almeida Garrett).
Tem também, desde 2024, uma colaboração com a Biblioteca Municipal de Matosinhos, Florbela Espanca, dinamizando colóquios e cursos breves.
Com longa experiência no trabalho com públicos adultos e juvenis, está particularmente familiarizada com a criação de conteúdos culturais para animação de lugares/espaços, narrativas adaptadas a circuitos e roteiros culturais que se pretendam valorizar.
É autora de vários títulos de ensaio e poesia.
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